Não gosto de pensar e falar da morte. Assim como não gosto de falar de doenças, das que nos são próximas, porque as dos livros são todas interessantes. Não gosto de reflectir e sentir a efemeridade da vida. Incomodam-me as pessoas que falam da morte com a mesma leviandade de quem fala de qualquer outro assunto. Não gosto de quem diz que prefere morrer. Não gosto de quem não tem medo da morte. Eu tenho e muito. Não gosto da ideia de perder os meus e evito a todo custo pensar nisso. Não gosto de os ver sofrer e o sofrimento deles é o meu sofrimento. Não gosto de pessoas incapazes de perdoar, de deitar as coisas para trás das costas em prol dos outros. Não gosto de pessoas egocêntricas. Não gosto de pessoas que dramatizam com merdas que não interessam a ninguém. Não gosto de mim quando o faço. Não gosto de pessoas que nunca estão bem com a vida que têm. Não gosto de pessoas que se esquecem que existem problemas maiores. Não gosto da ideia de que um azar nunca vem só. Não gosto que me façam perguntas. Não gosto que perturbem o meu silêncio. Não gosto de pessoas fracas. Odeio os meus momentos de fraqueza. Não gosto da dor de cabeça que fica quando se quer chorar e não se pode. Não gosto de me sentir impotente. Não gosto de saber que não há nada que eu possa fazer.
Gosto de saber que tenho ao meu lado alguém com quem posso contar. Que em tão pouco tempo já me é tanto. Alguém que não está comigo só para os bons momentos e que é capaz de respeitar o meu silêncio. Obrigada.
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